Resistência aos neurotransmissores: como o excesso de estímulos afeta a sexualidade feminina e a oxitocina

Você já se perguntou por que às vezes parece que nada mais desperta aquela sensação de prazer que costumava sentir? Ou por que algumas mulheres relatam diminuição na resposta sexual ao longo do tempo? A resposta pode estar na resistência que desenvolvemos aos nossos próprios neurotransmissores – principalmente à oxitocina, conhecida como o “hormônio do amor”.

Neste artigo, vamos explorar de forma clara e científica como o excesso de estímulos pode criar uma verdadeira “tolerância” em nosso cérebro e como isso impacta especialmente a sexualidade feminina.

O Que São Neurotransmissores e Como Funcionam?

Neurotransmissores são substâncias químicas produzidas pelo nosso cérebro que permitem a comunicação entre neurônios. Quando liberada, ela atua como um neurotransmissor, ou seja, permite a ligação entre neurônios, ativando ou desativando processos do sistema nervoso.

Os principais neurotransmissores relacionados ao prazer e à sexualidade incluem:

  • Dopamina: responsável pela motivação e recompensa
  • Oxitocina: o famoso “hormônio do amor”, crucial para vínculos e prazer sexual
  • Serotonina: reguladora do humor e bem-estar
  • Endorfinas: nossos analgésicos naturais

Por Que a Oxitocina é Especial para as Mulheres?

As mulheres geralmente têm níveis de ocitocina mais altos do que os homens. Afinal, é um hormônio chave envolvido no parto e na lactação. Isso significa que o sistema feminino é naturalmente mais sensível a este neurotransmissor, mas também mais vulnerável aos seus desequilíbrios.

A Ciência Por Trás da Resistência aos Neurotransmissores

Como Desenvolvemos Tolerância?

Assim como acontece com substâncias externas, o uso indevido constante de drogas eventualmente leva à superestimulação no centro de recompensa. Seus circuitos ficam sobrecarregados, tornando mais difícil lidar com os altos níveis de dopamina liberados. O mesmo princípio se aplica aos estímulos naturais.

Quando somos constantemente bombardeados com estímulos que disparam a liberação de neurotransmissores, nosso cérebro desenvolve mecanismos de proteção:

  1. Redução da sensibilidade dos receptores
  2. Diminuição na produção natural
  3. Necessidade de estímulos mais intensos para a mesma resposta

O Fenômeno da Dessensibilização

Esse é um mecanismo de proteção que evita a superestimulação, mas ao mesmo tempo contribui para a tolerância. À medida que os nAChRs passam por dessensibilização, eles entram em um estado inativo, reduzindo a responsividade neuronal. Este processo de dessensibilização é uma resposta adaptativa do cérebro, mas pode ter consequências significativas para a vida sexual.

Como o Excesso de Estímulos Afeta a Sexualidade Feminina

O Impacto na Resposta Sexual

Na mulher os hormônios produzidos são: a ocitocina, progesterona e estrogênio durante o ato sexual. Quando há resistência à oxitocina, as mulheres podem experimentar:

  • Diminuição da excitação: dificuldade para “entrar no clima”
  • Redução da lubrificação natural: devido à menor resposta hormonal
  • Dificuldade para atingir o orgasmo: quando altos níveis de ocitocina estão presentes, os nervos genitais disparam espontaneamente, causando o orgasmo
  • Menor sensação de conexão emocional: perda do vínculo íntimo com o parceiro

Fatores Que Contribuem Para a Resistência

Estímulos sexuais excessivos:

  • Consumo frequente de pornografia
  • Masturbação compulsiva
  • Múltiplos parceiros sem conexão emocional
  • Estímulos virtuais intensos (sexting, conteúdo erótico)

Estímulos não-sexuais:

  • Redes sociais viciantes
  • Jogos eletrônicos
  • Consumo excessivo de açúcar
  • Busca constante por novidades

Sinais de Que Você Pode Ter Desenvolvido Resistência

Fique atenta aos seguintes sinais:

  • Necessidade de estímulos cada vez mais intensos para sentir prazer
  • Diminuição do interesse sexual
  • Dificuldade para se conectar emocionalmente durante o sexo
  • Sensação de “dormência” emocional
  • Preferência por estímulos virtuais ao invés de contato real

Se você se identifica com esses sintomas, não se desespere. Existe solução!

Como Restaurar a Sensibilidade Natural

1. Detox Digital Consciente

Não precisamos fazer um jejum total de dopamina, pois a dopamina realmente aumenta em resposta a recompensas ou atividades prazerosas, mas não chega a diminuir quando você evita atividades superestimulantes. Mas reduzir estímulos artificiais pode ajudar:

  • Limite o tempo em redes sociais
  • Evite pornografia por um período
  • Reduza jogos eletrônicos viciantes
  • Pratique períodos sem celular

2. Estimule a Oxitocina Naturalmente

O contato físico é uma das maneiras mais simples de estimular a produção de ocitocina. A troca de carícias, abraços e até uma massagem podem provocar bem-estar:

  • Abraços de pelo menos 20 segundos
  • Massagens relaxantes
  • Contato visual prolongado
  • Atividades em grupo que geram conexão
  • Cuidar de animais de estimação
  • Praticar meditação e mindfulness

3. Reconstrua Conexões Reais

  • Priorize encontros presenciais
  • Pratique conversas profundas sem dispositivos
  • Invista tempo em relacionamentos significativos
  • Explore a sexualidade com foco na conexão, não apenas no orgasmo

4. Cuide da Saúde Física

Neurotransmissores dependem de uma boa saúde geral:

  • Exercite-se regularmente (libera endorfinas naturais)
  • Durma bem (essencial para a produção hormonal)
  • Alimente-se de forma equilibrada
  • Mantenha-se hidratada
  • Considere suplementação orientada por profissional

Quando Buscar Ajuda Profissional?

Se os sinais persistirem mesmo após mudanças no estilo de vida, procure:

  • Ginecologista: para avaliar questões hormonais
  • Psicólogo especialista em sexualidade: para trabalhar aspectos comportamentais
  • Psiquiatra: se houver suspeita de depressão ou ansiedade
  • Endocrinologista: para investigar desequilíbrios hormonais

O Futuro da Sua Saúde Sexual Está em Suas Mãos

Outros neurotransmissores significativos para a sexualidade são a norepinefrina e a oxitocina, com qualidades de excitação, e a prolactina e o opióide, com qualidades de inibição. Compreender esse equilíbrio é fundamental para uma vida sexual plena.

A resistência aos neurotransmissores não é uma sentença permanente. Com consciência, paciência e as estratégias certas, é possível restaurar a sensibilidade natural e redescobrir o prazer autêntico.

Próximos Passos

  1. Autoavaliação: reflita sobre seus padrões de consumo de estímulos
  2. Planejamento: escolha 2-3 estratégias para implementar gradualmente
  3. Monitoramento: observe as mudanças ao longo de algumas semanas
  4. Persistência: lembre-se de que a recuperação é um processo

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Referências

  1. Longevidade Saudável. (2024). Qual a relação da ocitocina com o desejo sexual? Disponível em: https://longevidadesaudavel.com.br/ocitocina-e-desejo-sexual/
  2. Wikipédia. (2024). Ocitocina. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ocitocina
  3. Essentia. (2024). Ocitocina: conheça e saiba estimular o “hormônio do amor”. Disponível em: https://essentia.com.br/conteudos/ocitocina/
  4. Sinapsys News. (2023). Estímulos sexuais e orgasmo atuam como recompensa no cérebro. Disponível em: https://sinapsys.news/estimulos-sexuais-e-orgasmo-atuam-como-recompensa-no-cerebro/
  5. Healthline. (2019). Dopamine Addiction: A Guide to Dopamine’s Role in Addiction. Disponível em: https://www.healthline.com/health/dopamine-addiction
  6. Harvard Health Publishing. (2020). Dopamine fasting: Misunderstanding science spawns a maladaptive fad. Disponível em: https://www.health.harvard.edu/blog/dopamine-fasting-misunderstanding-science-spawns-a-maladaptive-fad-2020022618917
  7. Biology Insights. (2025). Nicotine and Dopamine: Brain Chemistry, Tolerance, and Genetics. Disponível em: https://biologyinsights.com/nicotine-and-dopamine-brain-chemistry-tolerance-and-genetics/
  8. Sathler, C.. Tratamento do Desejo Sexual Hipoativo Feminino. Disponível em: https://psicologacrissathler.com/2021/09/10/tratamento-do-desejo-sexual-hipoativo-feminino/
  9. Cleveland Clinic. (2025). Dopamine: What It Is, Function & Symptoms. Disponível em: https://my.clevelandclinic.org/health/articles/22581-dopamine

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